terça-feira, 26 de março de 2024

MUNICÍPIOS DO BRASIL - MATIAS CARDOSO MG

 


MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO, MATIAS CARDOSO. A PRIMEIRA IGREJA DE MINAS GERAIS.


Por volta dos anos 1612, bandeirantes paulistas começaram a percorrer o rio São Francisco criando o que veio a se chamar, posteriormente, de Caminho Geral do Sertão. Na década de 1650, a sociedade do Recôncavo baiano começou a ser invadida por grupos indígenas aliados a negros aquilombados no sertão. Como diversas expedições baianas não foram capazes de debelar essa ameaça que pairava sobre as populações dedicadas à produção de açúcar, o governo da Capitania Bahia entendeu de pedir auxílio a paulistas. Dentre eles, Mathias Cardoso de Almeida que comandava a bandeira herdada de seu pai, conduziu um grupo de mais de cem ″bandeirantes″, além de escravos negros e indígenas para a região média do rio São Francisco, objetivando aprear índios e exterminar com os quilombos, cuja existência ameaçavam constantemente as povoações dedicadas ao cultivo da cana de açúcar e à criação de gado.



MATIAS CARDOSO



Ao chegar, por volta de 1660 na região do rio Verde Grande, Mathias Cardoso de Almeida e seu grupo aí se estabeleceu. Foram fundados alguns arraiais e algumas fazendas, dentre eles, o Arraial do Meio ou de Mathias Cardoso e a fazenda Jaíba de Antônio Gonçalves Figueira nas cabeceiras do rio das Rãs. Entretanto, pouco depois de estabelecidos os arraiais nas margens do rio Verde Grande tiveram que mudar suas localizações devido às inundações e à insalubridade da área. Fundou-se então, nas margens do rio São Francisco e amparado por algumas elevações rochosas, o povoado de Morrinhos, hoje cidade de Matias Cardoso. Essa a primeira povoação duradoura a se estabelecer no território mineiro, apesar de na época pertencer à Capitania da Bahia.

Desde sua fundação por volta de 1660, a sociedade pastoril disseminada a partir de Morrinhos se dedicou à criação de gado e à produção de gêneros alimentícios, que comercializavam com a cidade de Salvador. Daí a existência de um caminho que ligava as duas cidades e que posteriormente fizeram parte dos chamados caminhos do sertão ou caminhos da Bahia. O comércio com a sociedade baiana era tão intenso e lucrativo que possibilitou à população de Morrinhos construir uma imensa igreja, a primeira de Minas Gerais, ainda hoje existente na cidade de Matias Cardoso, ela era e é dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Constituiu-se como primeira freguesia no território do Estado de Minas Gerais. Fato que ocorreu no ano de 1695, antes mesmo da fundação do Arraial de Nossa Senhora do Carmo, hoje Mariana, que ocorre em julho de 1696, alguns meses depois.

FONTE : IBGE

domingo, 24 de março de 2024

GRANDES PERSONAGENS DA NOSSA HISTÓRIA - CARLOTA JOAQUINA


 

Carlota Joaquina de Bourbon (Aranjuez25 de abril de 1775 – Queluz7 de janeiro de 1830), mais conhecida como Dona Carlota Joaquina, foi a esposa do rei D. João VI e Rainha Consorte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e depois Reino de Portugal e Algarves de 1816 até 1826. Também foi Imperatriz titular do Brasil.[1][2][nota 1][3]

Nascida como uma infanta da Espanha, ela era a filha primogênita do rei Carlos IV da Espanha e da sua esposa, a princesa Maria Luísa de Parma. Casou-se em 8 de maio de 1785, aos dez anos, com o então infante de Portugal D. João, Duque de Beja, segundo filho da rainha D. Maria I de Portugal e futuro rei D. João VI de Portugal, num tradicional casamento entre as famílias reais de Espanha e Portugal. Após a morte do filho mais velho e herdeiro de D. Maria em 1788, Carlota e o marido tornam-se herdeiros da coroa portuguesa e assumem o título de Príncipe e Princesa do Brasil.

Conspiradora e com pretensão à política, Carlota Joaquina começou a conspirar contra o marido, alegando que ele não tinha capacidade mental para governar Portugal e suas possessões, querendo assim estabelecer uma regência. Ambiciosa, ela também almejava a coroa espanhola para sua família, que na época tinha sido usurpada por José Bonaparte, irmão de Napoleão Bonaparte. Duas das suas filhas vieram a casar com Carlos, Conde de Molina, seu irmão, pretendente carlista ao trono espanhol.

Com a volta da família real a Portugal em 1821, Carlota foi confinada no Palácio Real de Queluz, período em que foi apelidada de a "Megera de Queluz", onde morreu solitária e abandonada pelos filhos em 7 de janeiro de 1830, aos 54 anos. Após sua morte, Carlota Joaquina, principalmente no Brasil, tornou-se parte da cultura popular e uma figura histórica importante, sendo o assunto de vários livros, filmes e outras mídias. Alguns estudiosos acreditam que ela tenha tido um comportamento rude e calculista, atribuindo-lhe o facto de ela odiar viver no Brasil.[4]

Primeiros anos e casamento

Carlota Joaquina com 10 anos de idade em 1785, por Mariano Salvador Maella

Nascida às 8 horas da manhã do dia 25 de abril de 1775 no Palácio Real de Aranjuez, Carlota Joaquina Teresa Marcos Caetana Coleta Francisca de Sales Rafaela Vicenta Ferrer Joana Nepomucena Fernanda Josefa Luísa Singorosa Antônia Francisca Bibiana Maria Casilda Rita Januária e Pasquala era filha de Carlos IV da Espanha e sua esposa Maria Luísa de Parma, na altura então Príncipes das Astúrias.[1][5]

Dona Carlota recebeu uma educação cuidadosa do Padre Scio; a infanta dominava geografiahistórialatimfrancêsportuguês e espanhol, ademais era dotada de um talento valioso de facilidade para se expressar e boa escrita.[6] Posteriormente, quando da sua chegada em Portugal, sua sólida e extensa cultura chamaria a atenção da corte lusitana.[7][nota 2] Teve uma infância feliz, era a neta preferida do rei Carlos III da Espanha.[6]

Aos dez anos, em 1785, casou-se com o então Duque de Beja, o futuro rei João VI de Portugal, filho de Dona Maria I; as negociações de casamento tinham-se iniciado em 1778, com o contrato matrimonial sendo firmado em 8 de maio de 1785, quando Carlota tinha apenas dez anos e seu marido dezoito.[7] No dia em que iria a Portugal, Carlota Joaquina pediu à sua mãe para que fizessem uma pintura sua com seu vestido vermelho para colocar na parede, no lugar do quadro da infanta D. Margarida de Habsburgo (à qual Carlota dizia superar em beleza).[carece de fontes] Viajaram com a infanta o padre Felipe Scio, famoso teólogo espanhol e erudito, D. Emília O’Dempsy, a açafata, e D. Anna Miquelina, criada particular da princesa; Dom João e Dona Carlota casaram em pessoa no dia 9 de junho


Vida na corte lusitana

Retrato de Carlota Joaquina, por Giuseppe Troni, 1787

Carlota Joaquina não se adaptou bem à vida na corte portuguesa. O clima na corte dos Bragança diferenciava em muitos aspectos da alegre corte espanhola; enquanto em outras partes do mundo ocidental representavam o marco de uma nova sociedade baseada nos princípios iluministas, em Portugal a Igreja Católica impõe normas proibindo todo tipo de divertimento.[12] Todavia, para o horror da camarilha lusa, Carlota provia festa espanholas nos jardins do Palácio de Queluz com danças andaluzas e ao som de alegres castanholas.[7] A alegria e a vivacidade de Carlota eram as responsáveis pelas raras horas de descontração da rainha Dona Maria.[12] Nesse ínterim, a saúde da rainha Dona Maria piora e Dom João é declarado Príncipe Regente de Portugal.

Carlota (ao centro) com a família real portuguesa em 1793

Por outro lado, o marido de Carlota, vítima de uma melancolia invencível, vivia vagando silenciosamente pelos claustros escuros do palácio, oprimido pela triste perspectiva de uma revolução.[12] Dona Carlota e o marido tiveram nove filhos [13] e depois do nascimento da última criança o casal aparecia junto apenas em cerimônias da corte; eles viveram quase separados. Mesmo no Rio de Janeiro, onde o príncipe e a infanta viviam cada um no seu palácio; Dom João vivendo com a mãe e os infantes Pedro e Pedro Carlos, enquanto que Dona Carlota vivia rodeada das filhas e do infante Miguel.[13]

A vida privada de Carlota enquanto infanta portuguesa sempre foi alvo de pesquisa por muitos historiadores, que dizem que O Infante D. Miguel não era filho do Príncipe Regente, mas a paternidade correspondia a um escudeiro da Infanta, segundo alguns, ou a um médico de Lisboa, segundo outros. Fundamentam tal afirmação dizendo que o referido Infante não tinha nenhuma semelhança física com o resto da descendência do príncipe.[14]

Apesar de todos os rumores em torno de sua figura, Dona Carlota Joaquina possuía qualidades notáveis; sua educação era esmerada, era uma excelente mãe — educou pessoalmente seus filhos, era dotada de um extraordinário talento para os altos negócios políticos — dedicando várias horas de seu dia para os estudos, interessava-se, não só pelos assuntos de Portugal, mas também pelos que diziam respeito a Espanha; sua posterior atuação no Rio de Janeiro a favor dos interesses do Vice-Reino do Rio da Prata e o desenvolvimento do movimento político Carlotismo[15] são provas de tal favorecimento espanhol.[6]

Suas aspirações políticas e favorecimento espanhol são confirmados por volta do ano de 1806, quando, após o Príncipe Regente adoecer gravemente, formou-se a Conspiração do Alfeite, composta pelo Conde do Sabugal, o Marquês de Ponte Lima e outras figuras importantes da Corte, para elevar a Infanta Carlota à Regência. Sobre este fato, temos duas cartas da Infanta Dona Carlota, endereçadas a seu pai Carlos IV e sua mãe Maria Luísa. Na primeira carta, a infanta diz ao pai sobre a doença do Príncipe Regente e o motivo da corte lusa solicitar a sua intervenção no governo, com o objetivo de evitar uma guerra civil entre seus partidários e os do príncipe, garantindo um governo equilibrado. Carlota ainda suplica asilo político para si e seus filhos ao pai caso o plano falhe. A carta endereçada a sua mãe Maria Luísa é apenas para ela apoiar efetivamente a anterior reclamação perante Carlos IV. Tais cartas marcam a primeira intervenção documentada de Dona Carlota nos assuntos políticos.[16] Contudo o plano foi descoberto;[17] o Conde de Vila Verde propôs a abertura de um inquérito e a prisão dos implicados; Dom João, desejando evitar um escândalo público, opôs-se à prisão de sua esposa, preferindo confina-no-la no Palácio de Queluz, enquanto ele mesmo ia morar para no Palácio de Mafra, separando-se dela.

Transferência da corte para o Brasil

Antecedentes

No fim de 1806 a situação internacional se aproximava de um ponto crítico. A França decretara o Bloqueio Continental, pretendendo isolar a Inglaterra dos seus aliados e romper sua rede comercial. Ao mesmo tempo, a invasão do Reino de Portugal e a deposição do seu monarca pareciam iminentes, e uma defesa armada era considerada inútil, diante da força do inimigo. Assim, em meados de 1807 ressurgiu a ideia da transferência da família real e da corte para o Brasil, que já havia sido cogitada em outras épocas de crise.

Na mesma altura, em julho de 1807, foram assinados os Tratados de Tilsit, entre a França e Rússia, e de Fontainebleau, entre a França e Espanha, onde definiu-se a conquista e partilha de Portugal; sobre o Tratado de Fontainebleau, Carlota Joaquina escreveu para o pai advertindo sobre a aliança firmada com o imperador francês:

«[…] Como pode confiar V M. Senhor no dito Governo [Napoleônico]? Está aparente que felicitado com uma mão; com a outro ele está arquitetando sua derrocada!.[18]»
Embarque da Família Real Portuguesa

No Rio de Janeiro

Em 1808, as tropas francesas de Napoleão Bonaparte avançam em direção a Portugal através da Espanha natal de Carlota; afim de evitar uma usurpação da dinastia Bragantina pelos Bonapartes ocorre a transferência da corte portuguesa para o Brasil.[19]

Em 29 de novembro de 1807, o embarque da família real portuguesa para o Brasil tomou lugar no cais de Belém; o Príncipe Regente embarcou no navio Príncipe Real acompanhado pelo Infante da Espanha Pedro Carlos, enquanto a Princesa Carlota Joaquina embarcou no navio Reina de Portugal, acompanhada das suas filhas e senhoras. Durante o caminho para o cais, a carruagem da rainha Dona Maria I estava em alta velocidade, afim de evitar manifestações do povo, ao que a rainha exclamou: Como fugir e sem ter lutado? Não corra tanto, eles vão pensar que estamos fugindo.[20] Durante a travessia do oceano Atlântico, Dona Carlota e as filhas foram obrigadas a rasparem os cabelos e a usarem chapéus de musselina branca, devido a uma endemia de piolhos abordo.[21] A chegada ao Rio de Janeiro foi no dia 27 de fevereiro; ao chegar Carlota Joaquina teria dito: Que horror. Antes Luanda, Moçambique ou Timor.


Por ser descartada das decisões muitas vezes, Carlota Joaquina organizou à sua volta um partido com o objetivo de tirar as rédeas do poder ao príncipe regente, prendendo-o e declarando-o incapaz de cuidar dos assuntos do Estado, tal como sua mãe.

Retrato equestre de Carlota Joaquina - Domingos Sequeirac. 1820
Museu ImperialPetrópolis

Numa altura em que as mulheres não tinham voz, a não ser para urdir surdas intrigas, Carlota era uma mulher de elevada cultura política, com rasgos de extraordinária sagacidade, para além de mãe atentíssima, sobretudo no que concerne à saúde de seus filhos, e ainda de filha dedicada, de esposa muitas vezes terna, contra tudo o que dela se propalou".[26]

O historiador Octávio Tarquínio de Sousa, em «História dos Fundadores do Império do Brasil», em 1957 diz: D. Carlota Joaquina é que se não resignava à inação política a que se via condenada, decidida, como estava, a dominar como soberana; e começando a lavrar no Rio da Prata os primeiros sintomas de emancipação, concebeu o projecto de levantar para si um trono nas províncias espanholas da América, ou pelo menos, de governar como regente em nome de seu irmão Fernando VII. Auxiliada pelo vice-almirante inglês Sydney Smith, e não encontrando oposição do marido, foram enviados agentes ao Rio da Prata, onde formaram um grande partido. As intrigas principiaram então a desenvolver-se mais cruéis e enredadoras.

Tal movimento ficou conhecido como Carlotismo, um um movimento político que tinha como objetivo criar no Vice-Reino do Rio da Prata uma monarquia independente, cujo monarca seria a infanta Carlota Joaquina de Bourbon.[15]

D. João pediu a Londres transferência do vice-almirante. Satisfeito o pedido, Sydney Smith retirou-se, vindo substitui-lo o almirante de Courcy. No entretanto, as divergências eram enormes. No próprio governo havia correntes muito opostas. D. João, então cedeu e, pediu que não a contrariassem sempre que suas exigências não fossem impossíveis de satisfazer. Anulados afinal os planos da Rainha, nem assim ela esmoreceu. Procurou ser agradável aos castelhanos, e conseguir, na falta de seu pai Carlos IV e de seu irmão, prisioneiros na França, ser nomeada regente da Espanha, e vir talvez a ser a herdeira de Carlos IV, abolindo-se a lei sálica. Para realizar o projeto, teve de sustentar acesa luta com o embaixador inglês, tendo a astúcia de alcançar que o governo da regência lhe permitisse enviar secretamente ao general Elio, que estava em Montevidéu, víveres e dinheiro, para o que não hesitou em vender as joias. Afinal, e visto não ser possível narrar detidamente as variadas peripécias desta luta de orgulhos e de ambições, o sonho dissipou-se.

Retorno a Portugal, conspirações e morte

Carlota Joaquina
Manuel Dias de Oliveira, 1815
Museu Histórico Nacional
Partida da Rainha Carlota Joaquina a Lisboa
Thierry Frères, 1839 - Acervo Digital Afro-Brasileiro

Aliada aos frades, aos nobres, aos que se mostravam pouco simpáticos ao novo regime, urdia a conspiração chamada da rua Formosa, destinada a obrigar o rei a abdicar e a destruir a constituição. Falhando esse plano, as cortes de 15 de maio de 1822 decidiram deportar a rainha para o Palácio do Ramalhão, em Sintra, por ela se recusar a jurar a constituição, alvitre que ela aceitou com júbilo, pois lhe permitia continuar a sua obra perturbadora. Opondo-se abertamente à Revolução liberal do Porto, de 24 de agosto de 1820, foi a figura mais notável do país a recusar-se a jurar a Constituição de 1822liberal, juntamente com o cardeal-patriarca de LisboaD. Carlos da Cunha e Menezes.

É nessa altura que escreve uma carta, de consulta pública que está na Biblioteca da Ajuda, "com as razões que a levaram a não jurar a referida constituição".[27]

Neste retiro do Ramalhão tramou ainda a queda da mesma; e servindo-se de D. Miguel, seu filho que ela educara e com quem vivia intimamente, que nessa altura se deslocara do Brasil a Portugal continental, conseguiu realizar o movimento conhecido por Vilafrancada em 26 de maio. Derrubados os opositores liberais e dissolvidas as cortes constituintes, foi levantado o desterro da rainha, e D. João VI a foi buscar à quinta do Ramalhão, conduzindo-a ao Paço da Bemposta.

Pouco tempo, porém, durou a harmonia entre os esposos, porque a rainha mudou a sua residência para Queluz, e tornou-se cabeça do partido absolutista que dentro em pouco promoveu a Abrilada em 30 de abril de 1824. Tendo a rainha tomado parte manifesta no movimento, quando D. João VI, apoiado nos embaixadores francês e inglês, se decidiu a mandar sair do reino D. Miguel, ordenou que sua mulher se recolhesse ao paço de Queluz, e nunca mais aparecesse na corte.

Em consequência desse ato, que a promoveu a figura de proa do partido reaccionário, a rainha foi exilada para Queluz, período em que ganhou o epíteto de a "Megera de Queluz",[28] vivendo uma vez mais separada do rei (que vivia no Palácio da Bemposta, em Lisboa), onde continuou a exercer intensa atividade política, promovendo várias conspirações para derrubar D. João VI e suspender a constituição.

O seu Palácio ou quinta do Ramalhão tornou-se o principal foco da intriga absolutista, e à rainha é imputada enorme responsabilidade nos projectos dos principais levantamentos reaccionários dos anos 1820 (a Vilafrancada, de 1823, e a Abrilada, de 1824), que procuraram abolir o constitucionalismo, afastar D. João VI do governo e colocar no trono infante D. Miguel, seu filho direto, a quem ela educara.

Após a Vilafrancada, o rei acabou por suspender a constituição, prometendo não obstante para breve a convocação de novas eleições, a fim de se redigir um novo texto constitucional. Foi então buscar a esposa no retiro e durante alguns meses, reinou a harmonia entre os dois.

Carlota Joaquina de Borbón
Luis de la Cruzc. 1825
Museu do Prado

Pouco tempo depois, esta harmonia desfez-se, após o golpe da Abrilada, em que o infante D. Miguel tentou apossar-se do trono, com o auxílio de sua mãe, a verdadeira cabeça do partido absolutista em Portugal. Com o apoio dos embaixadores francês e inglês, D. João retirou-se para um vaso de guerra estacionado no Tejo, exonerou D. Miguel do cargo de generalíssimo do exército e ordenou-lhe o exílio; quanto à sua esposa, decretou que fosse desterrada para sempre para Queluz, nunca mais devendo aparecer na corte. Sentindo a morte próxima (talvez porque fosse lentamente envenenado), D. João VI nomeou um conselho de regência para lhe suceder após a morte, o qual devia escolher o herdeiro do trono português e ao qual presidia a sua filha Isabel Maria de Bragança — retirava desta forma à sua mulher uma prerrogativa que desde sempre na história portuguesa havia cabido à rainha-viúva: o exercício da regência do reino durante a menoridade ou ausência do herdeiro no país. O documento que estabeleceu o conselho regencial tem sua veracidade hoje contestada, pois o rei — segundo afirmam os médicos e estudiosos atuais que analisaram as suas vísceras, enterradas em um jarro de porcelana chinesa sob uma laje, na capela dos Meninos de Palhavã, no Mosteiro de São Vicente de Fora, e a grafologia da sua assinatura — já se encontrava, alegam, morto à sua data.

A 10 de março de 1826 D. João VI faleceu no Palácio da Bemposta, tendo previamente nomeado regência presidida por sua filha, a infanta D. Isabel Maria, e composta do cardeal patriarca, Duque de CadavalMarquês de ValadaConde dos Arcos e os seus ministros de Estado.

Instituíra uma ordem exclusivamente destinada às senhoras, com a autorização do príncipe regente, seu marido, por decreto de 4 de novembro de 1801, com a designação de Ordem das Damas Nobres de Santa Isabel, cujos estatutos foram confirmados pelo alvará de 25 de abril de 1804.[29]

Durante o governo de D. Miguel, que ascendeu ao trono em 1828, não viria a ter papel relevante na governação daquele que fora, para muitos, o seu filho predilecto, pois faleceu (ou suicidou-se) em 1830 em Queluz. De resto, o próprio príncipe não a mandou chamar do desterro assim que subiu ao trono, pelo que faleceu só, esquecida, triste e amargurada. Segundo alguns historiadores, este facto é um dos vários indicadores de que teria existido um afastamento gradual entre mãe e filho nos últimos anos de vida daquela. Jaz no Panteão Real da Dinastia de Bragança, ao lado do seu desavindo marido, no Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa.

terça-feira, 19 de março de 2024

MUNICÍPIOS DO BRASIL - ABAÍRA BA


 ABAÍRA - CIDADE DA CACHAÇA


Abaíra é um município brasileiro do estado da Bahia, localizado na Chapada Diamantina. Sua população, segundo o Censo 2022, era de 7 301 habitantes.

Foi nomeada "cidade da cachaça", por ser uma grande produtora da aguardente Abaíra, que é feita em associações de toda a região.

Abaíra é um termo originário da língua tupi antiga: significa "abundância de mel", pela junção de abá (abundância) e a'yra (mel).

História

A região de Abaíra começou a ser colonizada no século XVIII, com a descoberta de ouro nas suas serras, resultado das décadas de exploração de bandeirantes paulistas e sertanistas baianos.

Em 1775, um explorador ergueu, em uma área de serras, uma capela em louvor a Nossa Senhora do Bom Sucesso, em cujas proximidades surgiu um povoado denominado Catolés, hoje distrito.

O senhor José Joaquim de Azevedo, no século XIX, recebeu de herança uma fazenda, aonde se produzia muita cana-de-açúcar, por isso que essa fazenda era conhecida como “Capoeira de Cana”. Nessa propriedade, abriu um comércio, onde vendia alimentos para os mineradores vindos de Rio de Contas e Piatã que se dirigiam às minas de diamante de Mucugê. Depois, José passou a produzir cachaça e tornou-se hábito aos domingos as pessoas procurarem o seu comércio (venda) para consumir essa bebida. Com isso, José recebeu o apelido de “Zé da Venda”.

Com o passar dos tempos, muitos dos frequentadores da venda e mesmo os que passavam em busca de minérios ficaram desejosos de se estabelecerem no município. Então, os escravos de José, que eram muitos, construíram uma igreja, em louvor a Nossa Senhora da Saúde, a qual foi inaugurada em 1879, sendo a primeira missa realizada em 2 de fevereiro daquele ano pelo padre de Bom Jesus de Rio de Contas (hoje Piatã), José de Souza Barbosa, o padre Souza, quando chegou a imagem desse título mariano.

José Joaquim cedeu terrenos para a construção de casas ao redor da igreja, nascendo assim um povoado, com o topônimo de Tabocas, atual sede de Abaíra.

José Joaquim apaixonou-se por uma moça, chamada Ana Vitória, a qual amava um tropeiro chamado Antônio Precasso, com quem se casou e teve três filhas (Antônia Amélia, Augusta e Maria Etelemina). José, por sua vez, se casou com Maria Rosa, com quem teve um filho, Antônio Vitorino Azevedo, o qual casou-se com Melânia Rosa de Oliveira, com quem teve três filhos: Agripino Augusto de Azevedo, Simpliciana Azevedo e Agemiro Azevedo. O último faleceu aos oito anos de idade; já os outros foram criados por seu avô paterno, Zé da Venda.

Zé da Venda fica viúvo e Precasso também faleceu, de uma febre contraída nas suas viagens, deixando Ana Vitória viúva. Então, Zé da Venda casou-se com sua amada, Ana Vitória.



MONUMENTO AOS GARIMPEIROS - DISTRITO DE CATOLÉS


Com o desenvolvimento do povoado, criou-se o distrito de Tabocas, subordinado a Bom Jesus do Rio de Contas. A lei municipal nº 30, de 24 de abril de 1916, aprovada pela lei estadual nº 1.162, de 9 de agosto de 1916, mudou o nome do distrito para Abaíra, topônimo derivado do tupi e significando “abundância de mel”. No entanto, esta etimologia é contestada por Eduardo de Almeida Navarro.

A Lei Estadual nº 1.622, de 22 de fevereiro de 1962, desmembrou de Piatã o distrito de Abaíra, o qual é elevado à categoria de município. O município é constituído, a partir daí, pelos distritos de Abaíra (sede) e Catolés.



CACHOEIRA SAMBAÍBA



CAMINHO REAL DA BAHIA - SUBIDA PICO DO BARBADO 



IGREJA  MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA SAÚDE